Prefeito Luis Lauermann conta o que viu nos locais atingidos pela enchente com exclusividade ao Jorn
- Jornal Canudos
- 28 de jul. de 2015
- 4 min de leitura

Foram, e ainda tem sido, dias difíceis para muitas famílias hamburguenses. E o prefeito Luis Lauermann tem acompanhado de perto a situação daqueles que tiveram seus lares destruídos pela força das águas. O prefeito ainda explicou as soluções buscadas pela Prefeitura para aliviar a dor dessas famílias e o que deve ser feito a partir de agora.
Reportagem - Nos últimos dias o senhor tem ido às ruas acompanhar a situação das enchentes. Como está a real situação da cidade hoje? Quantas famílias ainda estão desabrigadas e qual a previsão para que a situação se normalize completamente?
Prefeito - Segundo o nosso setor de Defesa Civil, mais de 4,6 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas, algumas em função da cheia do rio e outras por deslizamentos, como no Kephas. Estamos em alerta desde o início do mês, quando já começamos a divulgar as possibilidades de grandes precipitações aos moradores de áreas de risco. Depois disso, passamos a auxiliar as famílias a saírem de suas casas e prestar os atendimentos aos que precisaram ir para os nossos três abrigos. Nesta quinta-feira, temos 64 famílias (276 pessoas) sendo atendidas no CIEP, 36 famílias (106 pessoas) na Base Pronasci Santo Afonso e 7 famílias (15 pessoas) no Território de Paz do Kephas. Com os últimos dias sem chuvas já iniciamos reparos e manutenções da infraestrutura da cidade, mas o Rio dos Sinos ainda não baixou para que as pessoas possam voltar para suas residências.
Reportagem - Visitando os bairros mais afetados, na sua percepção, qual é a maior necessidade para que nossa cidade não seja castigada novamente no futuro por esses desastres naturais?
Prefeito - Infelizmente os desastres naturais nem sempre estão passíveis de ações que resolvam completamente determinadas situações. Este mês foi um exemplo, pois tivemos uma das maiores cheias dos últimos anos. Para se ter uma ideia, tivemos um volume de chuva extremamente alto. A média para o mês de julho é de 150 milímetros de chuvas, e agora, em menos de 20 dias, registramos no pluviômetro da Defesa Civil mais de 437 milímetros. É muita chuva, e várias cidades do Estado tiveram grandes prejuízos. Apesar disso, estamos realizando importantes investimentos no bairro Canudos, com as galerias e o alargamento do Arroio Pampa. As intervenções no entorno do Arroio Pampa, junto a Avenida Alcântara, representam um investimento da Prefeitura, por meio da Secretaria de Obras Públicas e Serviços Urbanos (SEMOPSU), com o Governo Federal, a partir do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – Manejo de Águas Pluviais, de R$ 7.177.487,80. As melhorias com a instalação de gabiões que alargaram e melhoraram a vazão das águas. Além disso, as obras de reconstrução de cinco novas pontes e uma travessia de pedestres sobre o Arroio Pampa também estão em andamento. As antigas pontes de madeiras da década de 70 estão sendo substituídas por estruturas de concreto. Ainda como parte da obra, estão sendo construídas casa de bombas e uma galeria que conduzirá a água para o bombeamento.
Reportagem - Nos últimos anos as enchentes tem sido um problema constante. Porém, com a grande quantidade de chuva e por um longo período, os deslizamentos de terra foram um motivo a mais de preocupação. Como a Prefeitura agiu nesses casos e como é possível se preparar melhor para evitar que isso aconteça no futuro?
Prefeito - Imediatamente a Defesa Civil agiu para retirar os moradores das áreas afetadas. É importante deixar claro que a área atingida no Kephas representa riscos reais de desabamento e nenhuma família deve ficar naquela região. Estamos trabalhando para preservar vidas e a saúde dos moradores.
Reportagem - A enchente de 2013 e a grande tempestade de janeiro de 2014 mostraram que a cidade precisa agir para impedir novas catástrofes de grandes proporções. Uma das ações imediatas foi a construção de toda uma estrutura no Arroio Pampa, em Canudos, que mesmo ainda não estando pronta, já tem diminuído a incidência de alagamentos no bairro. No quesito obras, o que ainda precisa ser feito e o que já está planejado para acontecer? Quais são os prazos planejados?
Prefeito – Além das obras que já mencionamos, é importante que o Estado e todas as cidades atingidas nestas ocasiões, possam ter um planejamento maior para estas situações.
Reportagem - Um dos principais agravantes para as enchentes se mostrou ser a grande quantidade de lixo descartado em lugares irregulares pela população, entupindo bueiros ou mesmo indo direto para os arroios. Qual a sua opinião sobre isso? O senhor acha que é preciso criar leis mais rígidas para impedir esse tipo de atitude que prejudica a todos?
Prefeito - Esse foi realmente um agravante da situação. Sempre trabalhamos com dragagens, desobstruções de bueiros e a limpeza da casa de bombas, que constantemente acumula entulhos em sua bacia de acumulação. Infelizmente são retiradas grandes quantidades de lixo que não deveriam estar ali, mas sim ter seu destino correto encaminhado pela comunidade. Nestas situações, as ações da natureza acabam se voltando contra o próprio homem, que continua, equivocadamente jogando lixo em lugares impróprios, sujando a cidade e prejudicando a nossa infraestrutura. Todos precisam estar cientes que podem contribuir para que isso não ocorra mais.
Reportagem - As construções irregulares ou em locais de risco também são fatores que agravam as situações de alagamentos? Como a comunidade e a Administração podem trabalhar para minimizar esses problemas?
Prefeito - Em várias oportunidades a Prefeitura precisa agir, junto com os órgãos de segurança e justiça, para a desocupação de áreas irregulares ou particulares. A Prefeitura possui também uma política bem estrutura para habitações sociais e um cadastro de famílias atendidas pelas equipes de assistência social. Isso precisa ser respeitado. Os limites de áreas próximas a encostas, rios e arroios também necessita ser respeitado.
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