Battisti - Terceirização
- Jornal Canudos
- 16 de jul. de 2015
- 2 min de leitura

Em praça pública, a senhora de meia idade, com quatro filhos pequenos, um em seus braços, pede auxilio. O marido a abandonou, ela está doente, as crianças passando privações. Um homem passa por ali e se condói.
-Situação terrível! – considera com seus botões. Abre a carteira, estende-lhe alguns trocados e despede-se, proclamando, enfático: - Deus a abençoe e proteja minha irmã!
Por instantes brilhou em seu coração uma réstia de amor, infiltrando-se no egoísmo humano. Não obstante, consideremos leitor amigo: que amor inoperante! Amor inútil! Um arremedo de amor, que transferiu para Deus a iniciativa de ajudar de forma efetiva a sofredora senhora. Ele deveria fazê-lo! Superar a famosa zona de conforto. Conversar com ela, anotar seu endereço, visitá-la, conhecer suas carências, mobilizar recursos em favor, até mesmo com uma orientação sobre órgãos públicos que poderiam atendê-la.
É impressionante, caro leitor, como, sem constrangimento, damos encargos ao Pai Celeste: se alguém está em dificuldade: - Deus o ajude! Se alguém está enfermo: - Deus há de curá-lo! Se alguém está atormentado: - Deus o ampare! Se alguém tem problemas: - Deus resolverá!
Até mesmo em assuntos de caráter pessoal, o mesmo comportamento: se alguém nos causa prejuízos: - Deus o castigue! Se alguém nos magoa: - Deus está vendo! Se alguém nos faz um favor: - Deus lhe pague! Se alguém nos causa prejuízos: - Deus o castigue!
Seríamos mais eficientes no propósito de ajudar alguém se, em vez de criar encargos para a Divindade, nos colocássemos a serviço do Senhor, medicando o doente, socorrendo o necessitado, consolando o aflito, perdoando o ofensor, orando pelos que nos perseguem e caluniam, como ensinava Jesus.
Nunca ouvi alguém dizer que, atendendo as solicitações humanas, o Criador materializou-se e resolveu o problema, ou atendeu à sua fome, entregando-lhe uma cesta básica. Podemos afirmar que o Senhor não faz isso porque não pode?
Obviamente que não. É onipotente.
Não sabe? Claro que sabe! É onisciente. Não quer? Absurdo! Deus é a misericórdia em plenitude. Então não faz por quê? Podemos responder a essa pergunta lembrando uma observação de André Luiz, em psicografia de Chico Xavier, no livro Ação e Reação: “... O Criador atende a criatura por intermédio das próprias criaturas...”.
É fácil entender isso. O grande desafio no atual estágio evolutivo é vencer o egoísmo, a tendência de pensarmos muito em nós mesmos, com alheamento em relação ao próximo. Estamos na contramão do universo, que é regido pela solidariedade, filha do amor.
Ao deixar a criatura humana o encargo de atender seus filhos, Deus nos oferece os recursos para vencer o egoísmo e, ao mesmo tempo, nos transformarmos em instrumentos da misericórdia Divina.
Quando nos preocupamos em fazer algo em favor do próximo, é Deus quem fala por nós, quem nos inspira, quem nos conduz, quem nos realiza no esforço do bem.
Dizia o apóstolo Paulo, na exaltação da fé (Romanos, 8:31): “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”.
A consciência da proteção Divina é o grande apoio, o grande estímulo, oferecendo-nos força e coragem para enfrentar as atribulações do mundo. Podemos fazer ainda melhor: Estarmos com Deus, cumprindo os programas da misericórdia Divina.
Como? É simples: basta fazer ao próximo o bem que gostaríamos de receber dele, como ensinava Jesus.
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